"A história de Júlia no fim das contas é uma história de solidão, fala do quanto crianças são ensinadas a ter medo de se conhecer, de se descobrir. Ai delas se descobrirem que não são o que deveriam, ai delas se descobrirem que não cabem na história escrita para elas! Com quem poderiam contar?" Amara Moira: travesti, feminista, doutora em teoria e crítica literária pela Unicamp.
Julia é constantemente criticada por seus pais, que a chamam de meio moleque devido ao seu jeito e às suas roupas. Por mais que se esforce para ser como eles gostariam, um dia Julia percebe que sua sombra assume a forma de um garoto, brincando e agindo como ela gostaria de ser. Isso a deixa triste e faz com que ela questione sua própria identidade.
Publicado pela primeira vez em 1976, Júlia e sua sombra de menino é um clássico da literatura francesa que dialoga com questões atuais sobre gênero e educação. A obra de Christian Bruel, que retorna agora ao Brasil em uma edição revista e com uma primorosa tradução de Álvaro Faleiros, aborda questões de identidade de gênero e a pressão social para se encaixar em estereótipos. Contando com as belas ilustrações de Anne Bozellec, é uma história que celebra a individualidade e a importância de ser fiel a si mesmo, independentemente das expectativas impostas pela sociedade.