Anselmo é um sujeito algo desajeitado. Acabou desempregado justamente quando se faziam sentir no Brasil (e São Paulo) os efeitos pesados do processo da globalização periférica implementado a partir de inícios dos anos de 1990.Quando Anselmo se dá conta está no olho da rua e a empresa em que trabalhava fora incorporada, parece que por uma multinacional. Na realidade, no desejo ou no sonho, talvez apenas nas barbaridades da indústria cultural, até o ex-dono da empresa teria sido assassinado e mesmo seus miolos devorados. É fato, é informação ou metáfora?Este forte e bem construído romance de Eromar Bomfim encena e dramatiza o percurso de Anselmo desempregado e em busca de nova ocupação durante o período de uma nova formação da personagem. Trata-se, assim, de certo modo, de uma narrativa de formação do herói no contexto do abandono, da solidão e da exclusão.A experimentação estética e de linguagem é sóbria e eficaz. Engendra personagens e situações narrativas que se encontram na adequação de assunto e estilo. A fala das ruas está ali, assim como a norma culta, fundem-se e realizam-se como expressão forte e renovada. O herói, sem heroísmo grandiloqüente, percorre seu destino para encontrar-se com a ópera, muito mais capaz de fazê-lo humano do que um emprego humilhante a ser conquistado à faca. Na barbárie do desemprego há uma luz capaz de fazer um sujeito dono de si mesmo.
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Autor |
Bomfim Eromar |
Editora |
Nankin Editorial |
Idioma |
PORTUGUES |
Encadernação |
BROCHURA |
Páginas |
160 |
Ano de edição |
2007 |
Faixa etária |
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