O LIVRO O Príncipe, um dos livros mais famosos e controvertidos de todos os tempos, foi escrito em 1513. Provém da Renascença, quando o idioma italiano ia gradativamente se destacando de sua língua mater, o latim, e dos barbarismos nela introduzidos durante a Idade Média. O Príncipe separou as normas políticas das concepções teológicas para transformá-las em simples frutos da observação direta e cotidiana, considerando a arte de governar sob ângulo exclusivo da objetividade e do calculismo. Seu autor registrou o que os soberanos faziam, e não o que deveriam fazer. Maquiavel praticou, em política, um verdadeiro positivismo científico ao baseá-la na experiência e na observação. Estudou o aparecimento das formas políticas, as causas internas e externas de sua decadência, além de ter procurado desvendar as leis que, tanto na Antigüidade quanto na Modernidade, determinam-lhes o nascimento e o declínio. O Príncipe é considerado a obra inicial da ciência política e um clássico da língua italiana. O AUTOR Nicoló Di Bernardo Dei Machiavelli nasceu em Florença no dia 3 de maio de 1496. Discípulo do literato Marcelo Virgílio Adriani, com este começou a instruir-se sobre os negócios públicos em 1494, enquanto Carlos VIII invadia Florença e daí expulsava os Médici; naquele ano, Machiavelli era nomeado, sob as ordens de Adriani, escrivão na segunda chancelaria. Em 1498, Adriani assumiu as funções de chanceler da república, e Machiavelli foi promovido a segundo chanceler, posto que ocupou por 14 anos. Sua vida, nesse período, foi extremamente ativa, desempenhando missões na Itália, França e Alemanha. Em 1512, os Médici retornam a Florença e Machiavelli é deposto, preso e condenado a viver no exílio. É anistiado em 1519, quando então volta à sua cidade natal e passa a exercer funções político-militares. Morreu pobre e amargurado na mesma cidade em que nasceu, em 22 de junho de 1527.