• O que diz Molero

A riquíssima literatura portuguesa, do fundamental Luís de Camões e do premiado José Saramago, também produziu uma das mais cativantes e idiossincráticas pérolas da arte escrita: O que diz Molero, de Dinis Machado. Surpreendendo crítica e público, o romance se tornou um dos maiores sucessos editoriais daquele país nos anos que sucederam o 25 de abril de 1974 – que entrou para a História como a Revolução dos Cravos – e passou a ser visto como um marco na ficção contemporânea. O livro é composto por um longo e constante diálogo entre dois homens apresentados ao leitor como Austin e Mister DeLuxe. No decorrer da obra, a dupla analisa um complexo dossiê no qual um certo Molero descreve cada detalhe da trajetória de um cidadão conhecido simplesmente como “o rapaz”. Em momento algum é esclarecida a finalidade de tal investigação; pode ser uma reconstituição policial, um laudo médico, uma pesquisa biográfica ou até uma espécie de julgamento divino. Porém, mesmo sem que intenções e nomes sejam anunciados, o passado desse personagem parece ser – quase que literalmente – um livro aberto. Através das observações de Molero, figura que representa uma variação do onisciente Grande Irmão orwelliano, Austin e Mister DeLuxe têm acesso a todas as miude-zas presentes nas memórias do rapaz. Das sessões de cinema em um bairro pobre de Lisboa da década de 40 às aventuras que realizou através do mundo quando mais velho, nada permanece em sigilo.Apesar de já ter sido classificado por especialistas como “uma novela de espionagem muito especial”, O que diz Molero subverte todas as regras do que pode ser entendido por literatura policial. Em vez de propor perguntas que se desenrolarão em revelações surpreendentes, Dinis Machado fez exatamente o contrário: a partir de acontecimentos da vida do rapaz, uma existência que parece não guardar qualquer segredo, os supostos investigadores lançam várias questões filosóficas e poéticas para as quais nunca serão obtidas respostas exatas. Em certa passagem, DeLuxe afirma que “não sabemos nada de nada, inventamos a roda e o avião, construímos barragens e arranha-céus, sujeitos bizarros julgam ter entrado naquilo a que chamam parapsicologia, mas a verdade é que não sabemos nada de nada”. É através desse fluxo verbal guiado por associações de idéias que a bem-humorada odisséia vai criando forma, com diversas refe-rências aos “anos dourados” do cinema americano e uma sedutora linguagem coloquial.Publicado pela primeira vez em 1977, O que diz Molero fez com que o jornalista Dinis Machado – que até então costumava ganhar a vida escrevendo histórias noir propriamente ditas sob o pseudônimo de Dennis McShade – rapidamente se transformasse em objeto de culto e estudos acadêmicos. O autor chegou a declarar que seria esse o seu primeiro e último romance, pois tudo o que precisava ser dito já estava contido ali. Constantemente redescoberto, o livro foi adaptado para os palcos pelo diretor brasileiro Aderbal Freire-Filho em uma aplaudida peça teatral que rece-beu diversos prêmios e propagou ainda mais o mito de Dinis Machado.

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Autor Dinis Machado
Editora José Olympio
Idioma PORTUGUES
Encadernação BROCHURA
Páginas 210
Ano de edição 2004
Faixa etária

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