O Segredo Chinês vendeu 250 mil exemplares na China antes de ser banido pelas autoridades por conta de suas denúncias contundentes. No mercado ilegal do país, fez uma estrondosa carreira alcançando a marca de 10 milhões de exemplares vendidos. Como conseqüência, seus autores, os jornalistas chineses Chen Guidi e Wu Chuntao, foram levados aos tribunais, obrigados a pedir demissão de seus empregos e por fim tiveram sua casa apedrejada por uma multidão. Tudo porque eles ousaram pintar um retrato verdadeiro da vida dos camponeses da China, apresentando a realidade rural de forma crua.
O Segredo Chinês é uma exposição da desigualdade e da injustiça forçadas sobre o campesinato chinês, que soma cerca de 900 milhões de pessoas. O livro mostra que o milagre econômico chinês acontece apesar - e não por causa - dos camponeses do país. Eles não aparecem nos retratos das prósperas Xangai ou Pequim, mas constituem uma classe extremamente pobre ainda regida por um sistema feudal.
A obra aborda uma complexidade de problemas que é geralmente mencionada como Triplo-Agri (san-nong): o problema da agricultura, o problema das áreas agrícolas e o problema do agricultor. “Em última análise, o Triplo-Agri não é nada menos que o problema da China. Não exclusivamente uma questão agrária ou econômica, é o maior impasse perante o partido dominante da China atual. O problema nos desafia de frente”, explicam os autores.
Para escrever o livro, Chen Guidi e Wu Chuntao retornaram à província natal de Chen, Anhui, uma das mais pobres do país, para empreender um estudo de três anos sobre como viviam os camponeses locais. Faziam sempre a mesma pergunta: Os camponeses, em nome dos quais se fez a Revolução, foram traídos por Mao e seus sucessores? Narrado por meio de cativantes histórias dramáticas individuais, o resultado é um espantoso retrato da tirania que se espalha nas aldeias e nos condados do país, revelando a face secreta de uma emergente superpotência.