Nos primeiros anos da década de 1990, registrou-se no Brasil um número de queixas de discriminação racial nunca antes verificado em nossa história. Tal fato se deveu a uma ampla mobilização antirracista, organizada depois da aprovação da Constituição de 1988, com o objetivo de demonstrar que a cidadania do negro é bastante limitada pelos preconceitos raciais. Que direitos cerceados são esses? Que tipo de discriminação contra os negros se pratica no Brasil? Quem são os culpados e quem são as vítimas?
Neste livro, Antonio Sérgio Alfredo Guimarães procura responder a essas perguntas por meio da análise sistemática dos registros de queixas de discriminação recolhidos em jornais brasileiros e em boletins de ocorrência das delegacias de polícia. Os resultados deste estudo demonstram que a forte hierarquia social entre nós ainda é a causa principal do racismo. Que "classe" ainda é um tropo para se falar de "raça". Que desigualdades sociais se transmutam em desigualdades raciais. Ou, como diz o autor, "para combater o racismo e para reduzir as desigualdades econômicas, precisamos, antes de tudo, denunciar as distâncias sociais que as naturalizam, justificam e legitimam".