A concepção filosófico-histórica de Schlegel tem três raízes: a experiência da Antiguidade, o sofrimento refletido na Modernidade e a esperança no reino vindouro de Deus. [...] A Antiguidade natural e perfeita foi apreendida em sua natureza única e integrada ao processo histórico do espírito como o primeiro período [...]. Por essa razão, a Antiguidade não é mais reproduzível no presente, este é compreendido como o segundo período [...]. Todavia, a Antiguidade torna-se significativa para o futuro. O que está ainda por vir não deve, assim, ser sua repetição, ou seja, nenhuma completude natural, mas uma totalidade espiritual que se desenvolve a partir do núcleo da própria Modernidade.
Peter Szondi
O Romantismo no final do século XVIII foi um movimento tão multifacetado que dele já se disse que rompeu com os clássicos, mas também que permaneceu sob a tirania dos clássicos. Para artistas e filósofos, estava em questão a antiga herança grega, isto é, a relação com sua tradição. Nesse contexto, Sobre o estudo da poesia grega foi central na gênese do pensamento romântico alemão sobre a história.
O título já é indicativo: não se trata apenas da poesia grega, mas de como fazer o seu estudo. O problema, para o jovem autor Friedrich Schlegel, era menos a arte clássica do que a forma de se apropriar dela contemporaneamente. O objetivo do debate erudito era também comparar o passado à nova situação presente: aquele tinha unidade, totalidade, objetividade, naturalidade, ingenuidade e beleza; esta era fragmentada, individual, subjetiva, artificial, reflexiva e interessante. Novalis, poeta e amigo de Schlegel, dizia que a estética do Romantismo não apenas estava criando a modernidade, mas também — pelo contraste — a antiguidade.
O desafio, como se vê, não estava em recusar ou endossar os clássicos, e sim em entreter uma relação diferente com eles.
Os românticos recuperaram o valor da Idade Média e descobriram o Oriente, porém, jamais abandonaram a Grécia. Por sua vez, o elogio à poesia grega — e ele é intenso aqui — exigiria uma crítica de seu estudo habitual, que se amparava na mera imitação de velhos modelos.
Isso porque a meta de Schlegel era contribuir, por meio da crítica literária, para a formação moderna. Era compreender como os versos de Dante ou os dramas de Shakespeare pavimentavam o caminho a seguir pela poesia, a partir de um novo contato com os antigos, menos submisso às lições poéticas aristotélicas.
O “dialeto dos fragmentos” de vanguarda que Schlegel iria, depois, inventar com seu grupo da revista Athenäum foi, em grande escala, um desdobramento e uma transformação de Sobre o estudo da poesia grega. Esse marco no debate moderno sobre a antiguidade, além de nos ensinar sobre a cultura clássica, expõe assim a ideia de uma perfectibilidade infinita da poesia, de que há uma poesia universal e progressiva, justamente o que foi buscado pela filosofia do Romantismo.
Pedro Duarte
PUC-Rio
Código: | L030-9788573215885 |
Código de barras: | 9788573215885 |
Peso (kg): | 0,150 |
Altura (cm): | 14,00 |
Largura (cm): | 21,00 |
Espessura (cm): | 3,00 |
Autor | Friedrich Schlegel |
Editora | Iluminuras |
Idioma | PORTUGUES |
Encadernação | BROCHURA |
Páginas | 160 |
Ano de edição | 2021 |
Sobre o estudo da poesia grega
-
R$69,00
Opções de Compra
R$69,00
Vendido e entregue por leitura.com
R$69,00
Vendido e entregue por Leitura - MG/BH - Pátio Savassi
Frequentemente comprados juntos
Shakespeare: Teatro da Inveja
Esta obra revolucionária discute a principal figura da literatura inglesa William Shakespeare e prop..
R$86,00
Vendido e entregue por Leitura - SP/Campinas - Parque D.Pedro
Sertão mar
Sertão mar é um clássico do ensaísmo crítico brasileiro. Com ele, a obra cinematográfica de Glauber ..
R$75,00
Vendido e entregue por Leitura - SP/Campinas - Parque D.Pedro