As versões da teoria social mais recorrentes no ambiente universitário brasileiro costumam distinguir grosso modo as ciências sociais em dois grandes campos. O primeiro diria respeito a um sombrio e monocórdio ?positivismo?, aqui encarado como sinônimo de cientificismo e reacionarismo. O segundo abrangeria um arquipélago de diferentes vertentes teóricas que iria do marxismo a Foucault passando por Adorno, Benjamin e Marcuse. Este segundo campo é chamado de ?teoria crítica? e se afastaria, ou melhor, se oporia ao primeiro, por uma inclinação a questionar o ?racionalismo estreito? e o ?tradicionalismo político? positivista. Se observarmos, por outro viés, as bases que sustentam a trajetória das diferentes disciplinas sobre o social veremos que a atenção continua voltada para Marx, Weber e Durkheim, considerados os grandes eixos fundadores dessas disciplinas. Este livro, Uma introdução à sociologia compreensiva, é uma excepcional oportunidade de escapar das limitações das divisões que apontamos. O percurso histórico das noções de ?compreensão? que ele desenvolve permite que se conheça melhor Dilthey, Weber e, em especial, George Simmel. Este último é, certamente, o menos conhecido e traduzido para o português dos autores mencionados.