A condição de poeta e o exercício da poesia já causaram sérios problemas a Carlos Soulié do Amaral. Suspeito de atividades subversivas por fazer recitais de poesia em clubes, escolas e até mesmo em boates, ele foi preso em 1964. Em 1965, quando organizou o histórico Comício Poético da Praça da Sé, Soulié do Amaral foi, juntamente com seus companheiros Lindolf Bell, Álvaro Alves de Faria, Eduardo Alves da Costa, Rubens Jardim, Clarice Jacy Piovesan e outros, cercado pela polícia. 'O número de pessoas que nos ouvia era tão grande que a polícia não pôde fazer nada', recorda ele. 'A massa de gente interessada e curiosa em relação ao que dizíamos, formou um escudo protetor que nos salvou de complicados contratempos.' Mais tarde, já na década de 80, Soulié do Amaral novamente enfrentou barreiras e problemas devido ao poema intitulado 'A Balada do Eleito', que foi vetado na imprensa oficial e privada por ser considerado inconveniente, provocativo e incômodo ao status quo vigente. Tanto os órgãos conservadores quanto as áreas ditas de esquerda se recusaram a publicar a 'Balada'. Mas, afinal, ela vem a público no livro Verba, com capa e ilustrações do artista plástico Tide Hellmeister. Os editores observam que este livro desperta especial interesse devido ao fato de Carlos Soulié do Amaral ter se mantido refratário a publicações por mais de 30 anos.