O Grito do Ipiranga de Pedro Américo, a mais icônica figura da separação do Brasil com Portugal, e seu eco posterior, o Hino Nacional brasileiro, são concordes ao descrever o momento histórico da Independência do país. Fiel à pintura, nosso hino nacional soleniza o momento da Independência como uma nova gêneses da heroica nação. Pintura e hino, ilustram o acontecimento histórico como um marco semelhante a um novo a.C. e d.C. brasileiros.
Tomada a distância conveniente de 200 anos, o presente livro do Prof Marcelo Andrade se debruça novamente sob o familiar acontecimento histórico da Separação do Brasil, como, com razão, prefere chamar a Independência. A distância é suficiente para reconstruir a cena com maior realismo.
Tece aqui um retrato tão bem executado como o outro, mas com uma diversidade de personagens. O autor insere na cena de independência uma série grande de coadjuvantes, alguns quase são protagonistas como o nosso jovem imperador.
O Iluminismo, a maçonaria, a curiosa expulsão da Companhia de Jesus das terras americanas, o Liberalismo, a Revolução Francesa, Napoleão e o próprio D. João VI ganham seus lugares.
Desse modo, ao virar das páginas, o grito retumbante perde um tanto do brilho com que foi revestido e a monumentalidade da obra de Américo encolhe de tamanho. Ganha, entretanto, vivo interesse um Brasil antigo que junto com os portugueses foi banido de nossa terra, de nossos livros e de nossas escolas.