Tomei um susto quando abri o Facebook e vi uma foto do meu amigo de infância Rafael Scanavacca no meio do desastre que foi o terremoto no Nepal. Se bem que,de todos os meus amigos, só um poderia estar no Nepal… O Rafa. A cara dele! Sempre foi muito diferente dos outros, fora da curva. Las Vegas? Miami? Não, não o Rafael. Ele decidiu viajar a Katmandu para sair (brutalmente!) da rotina e conseguir preparo físico com escaladas e caminhadas. Até que, de repente, o chão tremeu e os prédios se esfarelaram. Não há como se preparar para algo desse tipo, não há forma de entender a não ser estando lá, e ele estava. De repente, os limites, antes tão físicos, se tornaram mentais. Mais do que isso: espirituais. Como olhar em volta? Como aceitar? O que deve fazer um médico numa hora como essas? Tenho certeza de que Rafael se culpa de ter deixado a zona do desastre. Mas tenho certeza também de que o bom cardiologista precisa saber ouvir o próprio coração. Nas páginas a seguir, é esse coração que vai falar. O coração do meu amigo Rafael, que sobreviveu a uma das maiores tragédias dos últimos anos, algo que reduziu monumentos a pó e construiu seres humanos mais fortes e melhores. Rafael é um deles. Tiago Leifert