Uma mulher muito ferida aparece num hospital, dizendo ter sido assaltada, brutalmente espancada e seu carro levado pelo assaltante. Depois de um longo interrogatório, consegue gaguejar que seu filho de quatro anos estava dormindo no banco traseiro e foi levado também, sem que o criminoso soubesse. A pequena cidade americana de Dempsy se comove com o drama e a polícia se mobiliza atrás do criminoso, enquanto a imprensa sensacionalista persegue implacavelmente a vítima. Este episódio é utilizado por Richard Price para tecer uma antológica crônica social, psicológica e policial no romance 'Freedomland- uma história americana'. Price mergulha no mundo das drogas e da violência de uma comunidade americana negra e pobre, cercada e perseguida pela polícia, que age com racismo e truculência, prendendo e espancando suspeitos. O bairro pobre entra em pé de guerra. Para piorar a situação, um velho e cardíaco pastor incita ainda mais a revolta. Com o tempo, os ânimos se acalmam e a repórter Jesse Haus consegue instalar-se na casa da vítima, de quem desconfia, com o objetivo de desvendar o caso para publicar a grande história de sua carreira. Lorenzo Council, um policial extremamente zeloso, psicólogo de grande sensibilidade, investiga o desaparecimento do garoto. Ao mesmo tempo, também entra em ação um grupo de mulheres, cujos filhos sofreram em mãos criminosas. Das investigações surgem contradições e uma terrível verdade é desenterrada de Freedomland, um velho parque de diversões que dá título ao livro, numa alusão direta à própria história americana. A partir daí, o romance ganha novos caminhos. A história do assalto era mentirosa? Se houve o assalto, quem foi o criminoso? A mãe seria a assassina do próprio filho? O leitor fica irresistivelmente preso a essas questões. E cai, prazerosamente, na armadilha do autor, que é a de provocar reflexões sobre a terra da liberdade, sugerindo que a liberdade é só para poucos, se é que alguém realmente a tem.