O senador romano Marcos Túlio Cícero, além de combater com as armas da palavra inflamada e com a técnica exuberante da arte literária, a maior das defecções da alma ingênua do povo que se pauta moralmente pelo prazer que afugenta qualquer dor, ficando de todo alheio à dignidade moral cujo objetivo é o bem máximo e supremo da nobreza do caráter, ele enfrenta com primazia histórica a crítica ao cultivo do utilitarismo como busca cega do lucro e da vantagem, erigidos em critério de moralidade. Destarte, Cícero antevê o tremendo erro da filosofia inglesa do século XVII que, através de Jeremias Bentham, iria apregoar o princípio ético-moral do utilitarismo como fonte de honestidade. Eis porque ler Cícero equivale a purificar a cultura dominante de suas defecções.