A originalidade da empreitada intelectual de Balieiro começa ao propor – por meio da análise da carreira de Miranda – uma leitura alternativa sobre a nação brasileira que problematiza a interpretação dominante nas ciências sociais de que nosso imaginário nacional teria se reconfigurado por volta da década de 1930 no diálogo entre intelectuais e Estado. Na visão de Balieiro, é a ascensão do mercado midiático de massas a partir dos anos vinte que reconfi gurará a imagem dominante sobre o Brasil de um país que queria se imaginar branco e europeizado, apagando as marcas indígenas e africanas de sua cultura, para a de uma nação que celebraria em música e imagem sua singularidade.[...] Carmen Miranda encarnava essa branquitude tropical e, mesmo tendo nascido na Europa e sendo loira de olhos verdes, bronzeava-se na praia e se dizia bem brasileira, cantando sambas que falavam da vida das classes populares negras e mestiças. Seu passo decisivo nesta incorporação performática do nacional foi vesti r-se de baiana para números musicais no cinema e no teatro musical. Seu gesto não foi recebido sem polêmica, algumas recusas e até desqualifi cações, mas se entre nós a figura da baiana incomodava a elite que buscava distinção em relação ao seu próprio povo, nos Estados Unidos foi recebida como uma imagem lati no-americana. Assim, Carmen era baiana aqui e lati no-americana lá, carregando signos de dois contextos culturais em uma só performance.Do prefácio de Richard Miskolci
Código: |
L999-9788539108992 |
Código de barras: |
9788539108992 |
Peso (kg): |
0,460 |
Altura (cm): |
23,00 |
Largura (cm): |
14,00 |
Espessura (cm): |
1,90 |
Autor |
Fernando de Figueiredo Baliero |
Editora |
Annablume Editora |
Idioma |
PORTUGUES |
Encadernação |
BROCHURA |
Páginas |
368 |
Faixa etária |
|