Antonio Barros de Castro tinha uma missão em vida: refletir sobre os desafios atuais da economia brasileira. Mesmo os trabalhos de cunho mais histórico ou teórico, invariavelmente, levantam questões contemporâneas. A decisão de publicar artigos inacabados é sempre difícil. Por um lado, existe o temor de tornar público aquilo que o próprio autor ainda não considerava maduro. Por outro, há o receio de privar os leitores de ideias que poderão ser desenvolvidas posteriormente por outros, de não explorar insights promissores e, no caso dos artigos aqui selecionados, tão atuais em suas questões, de possivelmente deixar de contribuir para o debate brasileiro. Esta obra está dividida duas partes: a primeira é composta de artigos que foram sendo desenvolvidos entre 2005 e 2011, e traz à luz os últimos trabalhos de Castro sobre os desafios do mundo sinocêntrico, expressão cunhada pelo autor em artigo publicado na Revista de Economia Política. Os demais textos que compõem essa primeira parte são artigos anteriores, sobre antecedentes que vão tecendo sua reflexão sobre o capitalismo atual. A segunda parte é a maior justificativa para a publicação desse livro, que nasceu da necessidade de compartilhar uma preciosa herança de ideias do autor, organizadas em artigos que comporiam um livro de longa gestação – o desenvolvimento renegado. Castro se distancia um pouco de seu estruturalismo de origem, valorizando políticas e instituições, assimilando a influência de autores como Veblen, Schumpeter, Keynes, Simon, Penrose, Nelson e Hirschman e, particularmente, Gerchenkron. O cerne do artigo “Desenvolvimento Renegado” está na identificação de duas convenções que teriam “pautado ou parametrizado a tomada de decisões econômicas (nas esferas pública e privada) durante a fase de rápida expansão liderada pela indústria: a convenção do crescimento e da estabilidade simulada.” Trata-se de uma leitura permite colocar em perspectiva a evolução dos principais debates da economia brasileira recente, ao mesmo tempo em que oferece uma releitura crítica dessas visões.