Aclamado pela crítica literária e cinematográfica, Jean-Philippe Toussaint nos mostra em Fazer amor, seu mais recente livro, o momento exato da ruptura sísmica entre dois seres que se amam numa noite em Tóquio.
Um homem em plena crise dos quarenta anos faz amor com sua mulher, Marie, num hotel em Tóquio. Ela está ali para expor seus vestidos num moderno museu de arte contemporânea; ele parece viver à margem do prestígio artístico da mulher. Os pequenos abalos sísmicos da cidade de Tóquio anunciam a ruptura entre os dois, que estão se amando pela última vez. Mas quantas vezes fizeram amor juntos pela última vez? Várias. Na cama, procuram o prazer puramente onanista, com a violência corporal subjacente que isso pode implicar, até que o rompimento se concretiza sem palavras, numa sucessão de gestos errados e incompreendidos.
Um banho na piscina no último andar do hotel parece para ele um apaziguamento. Na manhã seguinte, Marie concorda com a separação proposta por ele mas pede para que ainda fiquem juntos durante a exposição. Ele nada diz e parte para a casa de um amigo em Kyoto, onde passa alguns dias convalescendo e em operação de luto. Telefonam-se e ela lhe diz que se sentiu melhor sozinha. Retorna a Tóquio mas não encontra Marie. Seu último gesto é matar uma pequena flor solitária no chão.
Os cenários e elementos da moderna Tóquio e o modo de agir particular dos japoneses se embaralham com os movimentos dos personagens por todo o hotel e redondezas, num jogo de espelhos entre uma fratura amorosa e pequenos desentendimentos decorrentes das diferenças culturais. Assim, perder-se de madrugada, pelas vielas e passagens subterrâneas labirínticas de Shinjuku, com a maior estação de trens e metrôs do mundo, é uma metáfora eficaz do estado de desgoverno imediatamente posterior a uma separação afetiva.
Nesse romance claro, de traços minimalistas, com imagens objetivas e descrições medidas, os personagens pouco falam mas dizem muito com o rosto, o corpo e os gestos. Sem romantismos, mas nunca evitando esclarecer com palavras o sofrimento que o fim de um amor acarreta, Toussaint investiga o difícil instante em que realmente se concretiza uma separação entre dois seres que se amam. E nesse instante, em que aglomerados de estilhaços específicos do passado de ambos pesam como chumbo, finaliza-se a contagem dos prós e contras que antecede a decisão.
A partir do instante seguinte, quando não há mais o amor, começa o período do silêncio, do vazio, da morte. Porque a separação é mais um estado que um ato, mais luto do que agonia. Mas realmente não há mais amor? Pode-se passar uma eternidade oscilando entre diversos estados dolorosos: a dúvida de se amar, a experiência por vezes impossível de se amar, a morte efetiva de um amor. Porque no amor, por vezes nos fazemos mais bem do que mal quando estamos juntos, mas o pequeno mal que nos fazemos pode se tornar insuportável.
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Autor |
JEAN PHILLIPE / TOUSSAINT |
Editora |
Globo |
Idioma |
PORTUGUES |
Encadernação |
BROCHURA |
Páginas |
120 |
Ano de edição |
2005 |
Faixa etária |
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