Desde suas primeiras fotografias, datadas de meados da década de 1990, a paulista Valéria Garcia propõe uma incursão por ângulos, texturas, planos e relances para revelar certo estranhamento nos objetos fotografados. As nuances de um corpo, de um olho, de um monumento, de uma luz, tudo se transforma na lente inquieta da câmera, ao se valer de técnicas e conceitos múltiplos para explorar o potencial sensível das imagens. Com organização do poeta e professor Dirceu Villa, este livro reúne, pela primeira vez, mais de 20 anos da produção fotográfica de Valéria Garcia.

“Indiferente a modismos, como também indiferente a repetir o genérico acabamento lustroso e high-definition que grande parte da fotografia apresenta hoje, numa autonomia que a técnica desenvolveu em relação ao sentido (e isso vem sendo utilizado como aferição abstrata de qualidade da imagem), Garcia está sempre empurrando os limites do visível e experimentando com focos, com o borrado, o desconexo, a invasão visionária do brilho, as manchas, os equívocos e jogos visuais, o humor e o incidente proveitoso. Incorpora o ruído na visão como Jimi Hendrix incorporava a sujeira de um sem-número de ruídos em sua guitarra, reinventando-a como instrumento — o que não significa que não tenhamos também exemplos daquela limpidez em Garcia.” (Dirceu Villa)