Durante vinte e um anos da minha vida, fui violentada psicologicamente pelo meu marido. Não tinha coragem de dar um basta na situação. Fui perdendo minha autoestima. Aos poucos estava perdendo a dignidade, e eu permitia, pensando que, dessa forma, estava preservando um lar para os meus filhos. Mas que lar? Não existia amor e harmonia. Não tinha paz nem respeito. Meus filhos estavam sendo criados sem estrutura. As agressões verbais eram cada vez mais constantes. Hoje eu entendo por que a mulher se submete a viver sendo violentada pelo companheiro. A dependência financeira, a incerteza de não ter um teto para morar, a pressão psicológica não deixam raciocinar, levando-a acreditar na sua incapacidade como mulher. Quase sempre não entendemos a força que existe dentro de nós mulheres, a guerreira que somos, submetendo-nos muitas vezes, a tal chamada violência doméstica.