Existem criaturas excepcionais que adultaram por fora, mas que, no íntimo, preservam sortilégios impróprios para miores adultados por completo. Um desses raros retirantes da infância que não se desencaminharam por itinerários monótonos e insossos ainda guarda zelosamente o mapa encantado, que percorre de frente para trás, quando decide revisitar a terra, hoje, de nós tão distante, se não impossível: a da meninice desaparecida em nós, ao longo da nossa caminhada indestinada. Tal descobridor de encantamentos chama-se Hildebrando.
... Numa de suas aventuras pelo imaginário afora, conheceu um gnomo azul, azulíssimo. Essa espécie, como se sabe, mora debaixo da grama, faz sua casa com as raízes das árvores, alimenta-se de muma misteriosa papa de cogumelos e finge ser maléfica, embora proteja todos que nela acreditam: os humanos miúdos e seus assemelhados, que são portadores da primeira alma. Ao flagrar o intruso em seus domínios, quis expulsá-lo, até perceber que era um portador da fantasia. Aí, o baixotinho feiosos abiu-lhe as portas da mesma gruta por onde se meteu um dia a curiosa Alice.