Organizado em cinco partes, "Furonofluxo", de Fernanda Marra, apresenta aos leitores uma poesia em movimento tanto pelo interior da própria linguagem quanto entre diferentes esferas das artes e do conhecimento, como a biologia e a filosofia. Todo esse percurso, contudo, não é estável ou uniforme, uma vez que se desenvolve sob a tensão violenta de forças do tempo, do espaço e do corpo. Os poemas reunidos neste livro reorganizam a percepção, abrem fendas e feridas, possibilitando vislumbrar novas formas de conhecer e habitar o próprio corpo e o mundo.

“Aqui, os horizontes, não só o filosófico, como que desmoronam, trazendo consigo, para perto e para baixo, as habituais divisões que comportava. Como distinguir — neste tempo de emergência, em que o pensamento se confunde com a experiência do mundo, encarnando e incorporando tudo aquilo que insistia em se manter à parte (ideias, formas, palavras) — os limites entre corpo biológico e corpo textual? Ou ainda, como discernir, no jogo de recíprocas e incessantes metaforizações que, antes mesmo da poesia, a própria linguagem instaura entre um corpo e outro — entre, na verdade, todos os corpos (humanos, animais, vegetais, minerais, artificiais, espirituais, textuais etc.) —, o que serve de metáfora para o quê?” (Eduardo Sterzi)