• Ó Zé Régio! Eu, Dionízio,

O livro Ó Zé Régio! Eu, Dionízio, é uma coletânea que reúne 37 poemas do poeta Paulo Gervais, escritos entre 2011 e 2019. Nesse livro, o autor dá um novo passo em sua obra poética. Ao contrário do que vinha apresentando em seus livros anteriores, em Ó Zé Régio! Eu, Dionízio, Paulo Gervais experimenta uma poesia menos formal, mais dionisíaca. Se em Guerra Florida (publicado em 2001 e reeditado em versão atualizada pela Moenda Fina em 2019) e em Paulatim (publicado pela Cepe Editora em 2017, com o qual foi um dos vencedores do IV Prêmio Pernambuco de Literatura) o autor adotava uma forma fixa para acomodar seus poemas em 18 versos; agora ele assume uma dicção mais desimpedida, livre, sem amarras para alinhavar seus versos.A opção se justifica pela busca em estabelecer uma relação mais imediata com a experiência. Não há um padrão, uma métrica que sirva de guia. Visualmente, já pela mancha gráfica na página, os poemas se apresentam disformes, provocam estranhamento com seus versos longos misturados a outros curtos, às vezes compostos por apenas uma palavra ou sílaba. O que não deve ser entendido como desleixo do autor, seu compromisso com a forma continua (como fica evidente no uso consciente do alinhamento do texto, para explorar a materialidade da página como recurso expressivo). Apenas as ferramentas utilizadas agora é que são diferentes.A escolha do fato histórico que envolve a escolta de Francisco de Borja ao corpo da imperatriz Isabel de Portugal como poema que serve de dedicatória é indicativo do momento de inflexão na obra de Paulo Gervais, daquilo que foi deixado pra trás e do que virá nas páginas seguintes. Apesar de vir em forma de soneto, o episódio se refere a uma ruptura, uma mudança, um desligar-se de obrigações do passado em troca de novas escolhas, já apontando alguns temas trabalhados no decorrer do livro, como a busca por espiritualidade e a infalibilidade dos efeitos do tempo sobre a vida.A forma mais solta vem representada pela figura de Dionísio, que surge no título e norteia algumas escolhas do projeto gráfico, como as imagens do fauno na capa e nas cores escolhidas que aludem ao vinho. Além de Dionísio, o livro revela outras referências apreciadas pelo autor. É o caso do poeta português José Régio, mencionado já no título e na alusão ao seu poema Cântico negro em versos de Paulo Gervais. Em outro, é citado Alberto Caeiro, um dos heterônimos do também poeta português Fernando Pessoa.A liberdade adotada na forma também é explorada na diversidade de temas trabalhados e de abordagens pelo autor. Exemplo disso é a religiosidade, que ora surge expressa com devoção, ora com descrença. E se alguns poemas são dedicados a assuntos mais nobres e literários, como amor e morte; em outros ressalta-se o olhar atento para miudezas da vida, do cotidiano e da natureza, servindo ao autor para reflexões mais existenciais. A imagem da ilha, no sentido de isolamento, é recorrente e traduz o próprio espírito do poeta e da poesia, que, apesar de tudo, ainda resiste, compondo os versos e lançando-os ao mar, nessa garrafa em formato de livro chamado Ó Zé Régio! Eu, Dionízio,.

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Autor Paulo Gervais
Editora Vacatussa
Idioma PORTUGUES
Encadernação BROCHURA
Páginas 54

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