Ademir Santana nos apresenta seu belo Topologias líricas, um livro de poemas. Além de uma apurada técnica no fazer poético, ele revisita os gêneros poéticos e os reinventa: não encontramos apenas poemas líricos (embora os haja também, e primorosos), mas igualmente uma releitura da poesia épica em longos poemas narrativos centrados em um personagem paradigmático. Tais poemas são épicos não exatamente por sua extensão, mas por trazerem histórias de vida de personagens que, tanto por sua especificidade quanto por sua excepcionalidade, nos levam a refletir sobre sua história pessoal e a inserção dessa história em outra, coletiva, que é nossa também. Sobre os aspectos formais de seus poemas, vale lembrar que o autor é físico, e talvez a disciplina envolvida na pesquisa da área tenha conexão com a economia poética que encontramos em seus poemas. Nada sobeja, nada falta. Tudo significa, tudo reverbera. Essa é uma marca da boa poesia (e da boa literatura em geral): a forma significa, não é mero suporte para um suposto conteúdo. É dessa confluência que brota o encantamento trazido por esses poemas. Sua leitura é um convite à reflexão, bem como à fruição.