Desde a sua estréia, em 1978, Antônio José de Moura foi apontado como um dos melhores contistas da literatura brasileira contemporânea. A partir de então, vem publicando romances e contos, escritos em estilo sedutor, no qual a exigência clássica de clareza e síntese se mistura com uma linguagem maliciosa, por vezes livremente bocageana, de gosto popular, como o leitor pode comprovar em Mulheres do Rio. A propósito, o rio é o Araguaia, ponto de turismo e de encontro dos moradores do Brasil central, a cujas margens plácidas mulheres vão em busca de repouso e aventuras. Os oito contos do livro são uma espécie de celebração do desejo, em algumas de suas múltiplas possibilidades de realização, no qual (quase) sempre as mulheres tomam a iniciativa. São mulheres de todos os tipos, suavemente ninfomaníacas, como a Dina do conto que tem o seu nome, soberbamente indiferentes ou até mesmo tipo mulher fatal. Aqui, entenda-se a denominação num duplo sentido: o de atrair os homens e de liquidá-los, contra vontade própria, aliás, como acontece na história de Olalinda. Como observa Deonísio da Silva são mulheres que nunca existiram, 'a não ser para as metáforas, para as letras, para a literatura', mas com toda evidência inspiradas em seres de carne e osso. Assim mesmo, ou por isso mesmo, passam com intensidade pela mente do leitor. A sexualidade é terreno fértil para os vôos da imaginação. E, afinal, como completa Dionísio, se todas as mulheres contemporâneas de Machado de Assis já morreram, Capitu continua viva, enigmática e sedutora. Natural de Goiás, bacharel em direito e jornalista profissional durante mais de 20 anos, Antônio José de Moura estreou na literatura em 1965, com um volume de poesia. Mas a sua verdadeira vocação é a prosa de ficção, através da qual se afirma como um dos bons escritores brasileiros da atualidade.