• A inútil paixão do ser

A tese defendida por Flavia Trocoli - e expressa já nas primeiras páginas de seu livro - vai mais além da análise dos modos de estar na linguagem de Clarice Lispector e Virginia Woolf. A essa tese subjaz a psicanálise como um modo de fazer, um modo de ler, que se relaciona ao modo como ela corta, analisa e interpreta os textos colocados em relação e em disjunção. E assim essa tese se enuncia: há um saber que não se sabe, um saber inconsciente, “exposto em ato no texto” da literatura e da psicanálise. Daí sua paixão pela ignorância, inútil paixão do ser. Daí seu apelo ao que Lacan chamaria de “saber em fracasso”, distinguindo esse “saber em fracasso” do “fracasso do saber”. Tomado como figura em abismo, esse “saber em fracasso” seria, para Lacan, o único método possível para a psicanálise ler a literatura. E é esse saber em fracasso que vemos operar nas leituras deste livro em que se lê Machado de Assis para ler Lúcio Cardoso e Clarice Lispector e em que se lê Lúcio Cardoso e Clarice Lispector para ler Virginia Woolf. Estamos diante de um livro sobre a escrita de duas mulheres acometidas pela inútil paixão do ser. E, no entanto, nele não se lê, nenhuma vez, a palavra “feminino”.

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Autor Trocoli Flavia
Editora Editora Mercado de Letras
Idioma PORTUGUES
Encadernação BROCHURA
Páginas 148
Ano de edição 2015

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A inútil paixão do ser