• Qualquer semelhança não é mera coincidência: um olhar para a escola a partir do teatro

Qualquer semelhança não é mera coincidência é um livro sobre a escola. Nele o leitor encontrará, além de uma pesquisa acadêmica sobre o tema, na qual estudantes de teatro representam o ambiente e as relações escolares, memórias da vida escolar escritas por professores, pesquisadores e artistas. Olhar para a escola é um exercício dialógico que nos permite compreender as trilhas e percursos que nos constituem ao longo do tempo. Esse é o propósito do livro que chega, agora, às suas mãos e, quem sabe, ao seu coração.
Do primeiro dia de aula, esgueiram-se pela memória a menina deslumbrada, a figura de uma professora séria e bonita e, coladas na retina, as paredes da sala de aula forradas de imagens distribuídas simetricamente, ao alcance da vista, mas não das mãos. E nelas, bichos lindos, coloridos que, pouco a pouco, no correr do ano, fui associando a letras: o rabo do gato era o g, no corpo do sapo insinuava-se o s. E talvez houvesse objetos também, mas não me lembro como o z se desenhava na zabumba... — Beth Brait

Apesar de tudo, da certeza de não gozar dos privilégios que a cisgeneridade heterossexual branca garantem, uma existência que escapa às normas foi se desenhando, tomando forma, existindo, resistindo... Ao invés de aversão, desenvolvi pela educação um amor sem medida, alimentado sobretudo pela crença de tornar, se não suave, menos áspero o caminho de muitos/as estudantes, principalmente negros/as e LGBTs. — Megg Rayara Gomes de Oliveira

Lembranças. Chuvarada. Calor imenso. Sons de tempestade. Céus profundos e estrelados. Ventanias. Sossego. Paz. Organização. Silêncio. Limpeza. Missas cantadas. Aulas. Muitas aulas. Livros. Muitos livros. Horas de lazer. Mangueiras e jabuticabeiras floridas. Horas de estudo. Saídas aos feriados e férias. Retiros. Solidão. — Sonia Machado de Azevedo

Nas páginas que seguem, você irá ler sobre sentidos de escola em um exercício de improvisação teatral. Não à toa, desde o início, pensamos em não se tratar de uma coincidência, nada é por acaso e os sentidos circulam. A escola que os alunos encenam, ao final do ensino fundamental, está cheia de conflitos, de personagens que podemos encontrar em outras escolas. Um mundo de regularidades sobre ser aluno, professor e diretor; sobre como organizar a sala; sobre relacionamentos. Releio os discursos trazidos para a pesquisa tanto como uma peça teatral como dados potenciais de análise. Consigo imaginar as cenas e os personagens dando colorido às palavras por sua entonação expressiva. Tudo isso vai me permitindo compreender o universo que foi escolhido pelos sujeitos para ser representado. Por que tantos conflitos e
jogos de autoridade? Por que representações que trazem extremos apresentando alunos que repetem discursos de obediência e outro que coloca, na roda, o papel de autoridade? Você pode pensar que já faz tempo que isso aconteceu e não está equivocado. Mas o tempo cronológico não coincide com o tempo no qual os sentidos são construídos e como eles vão nos atingindo. Que possamos, cada um com sua história e em seu tempo, ler este texto com olhos de quem quer saber
mais sobre o que significa escola. — Otilia Lizete de Oliveira Martins Heinig


SUMÁRIO
51 3.º Ato – Exercício cênico: a escola
52 3.1. O corpus da pesquisa
55 3.2 Espaço: uma questão de status
60 3.3 Distribuição de papéis: os lugares sociais
61 3.3.1 “Mais respeito, eu sou professor”
69 3.3.2 “Eu sou diretora, eu sou soberana”
73 3.3.3 Bobo: lugar de resistência
78 3.3.4 Gêmeas: a homogeneização do sujeito
87 Epílogo
91 Palavras ao vento – Memórias de escola
93 Escola: imagens nas dobras da memória, Beth Brait
95 Aprendendo o que é racismo, homotransfobia e classismo com minha professora do primeiro ano!, Megg Rayara Gomes de Oliveira
99 Nossa Senhora do Patrocínio, Sonia Machado de Azevedo
103 Faz de conta que eu te conto, Adriana Teles de Souza
107 Sem título, Agnan Siqueira
109 Fragmentos, desabafos e poeiras de memórias escolares de um viadinho, Andrio Robert Lecheta
113 Referências
117 Sobre o autor

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Autor Jean Carlos Gonçalves
Editora Hucitec
Idioma PORTUGUES
Encadernação BROCHURA
Páginas 120
Ano de edição 2024

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