Onde estão os senhores da Guerra? Aqueles que mandam nos destinos dos milhões que já morreram em campos de batalha, em bombardeios, em sacrifícios, em campos de concentração, em ataques-suicidas...A história das guerras se confunde com a história da humanidade. De Troia ao Vietnã, ser guerreiro é quase tão antigo quanto ser humano. Muitos de nossos épicos foram escritos para relatar a grandeza do ato de destruir um semelhante, embora a realidade seja muito diferente.Pois, enquanto os ditos grandes foram cantados em verso e prosa, demorou muito para que a História e a literatura lembrassem que as maiores vítimas — e talvez por isso mais heróicos do que os comandantes-em-chefe — das guerras são aqueles que não decidem seus rumos. São os inocentes que morrem em casa, os recrutados à força ou iludidos pela vã glória de morrer por algo intangível.Os autores reunidos por Nelson de Oliveira neste livro sabem disso. Não há nas páginas desta obra um Rolando, um Carlos Magno, um Winston Churchill ou um George W. Bush. As histórias aqui contadas não falam das glórias e honras, mas das agruras e tristezas, das dores e das mortes; são até mesmo sobre os acontecimentos estranhos que podem ocorrer no desenrolar das batalhas.Do camponês que luta na Guerra dos Cem Anos ao cabo da Primeira Guerra Mundial, da menina que vê uma festa farroupilha ao pesquisador que escuta Canudos gritar, dez autores dão voz aos que pouco falaram — ou falam — nos grandes combates da humanidade. Entre escritores recrutas e veteranos, todos gritam a angústia do campo de batalha.O livro começa com um cerco nas Cruzadas e fecha com a guerra no Oriente Médio. Mais do que uma lógica cronológica, ao terminar a leitura ficamos com a sensação de que ainda estamos, infelizmente, na mesma guerra. Talvez até possamos dar razão ao personagem que afirma: “Todas as guerras são iguais.”Ana Cristina Rodrigues, escritora e historiadora