A obra de Clarice não cessa de surpreender. Não só pelo amor ao risco e à experimentação, mas também por sua estranha fortuna pública: à autora difícil de uma obra feita para ser lida por poucos, seguiu-se a celebridade aos olhos da crítica feminista, antes da admissão à lista de leituras obrigatórias das escolas brasileiras.
Em todas essas versões de Clarice mora o risco do lugar-comum. Um deles diz respeito à distinção entre os livros escritos "com as entranhas" e os livros menores do fim da vida, que só não causam constrangimento maior por terem sido relegados pela própria autora. É contra essa distinção fácil demais que Vilma Arêas tenta demonstrar a fundamental unidade da obra de Lispector.
O método não podia ser mais engenhoso: partindo justamente das obras secundárias, a crítica revela como são perpassadas pela mesma angústia pessoal e estética que conferia tensão dramática aos livros já consagrados. Com uma novidade nada desprezível: a Clarice desse período aventura-se mais a fundo numa dicção irônica, de paródia e melodrama, que lhe renderia A hora da estrela, um retrato doloroso e fraturado da vida social brasileira.
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Autor | Vilma Arêas |
Editora | Companhia das Letras |
Idioma | PORTUGUES |
Encadernação | BROCHURA |
Páginas | 192 |
Ano de edição | 2005 |
Faixa etária | Padrao |
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